Esse homem era o capitão Fernando Salgueiro Maia e esta é a sua história. Da criança, do jovem, do homem, do militar e da figura histórica que mudou o rumo de Portugal. Um homem simples e fiel, que fez dois cursos superiores na Academia Militar e se tornou num líder nato, respeitado tanto pelos seus subordinados como pelos seus superiores hierárquicos, por amigos e inimigos, e que, embora seja recordado como um herói, nunca foi reconhecido em vida pelo estado que ajudou a criar. Um herói, sim. Mas também um anti-herói que, pela sua atitude modesta e correta, sempre fiel à sua missão e à sua Arma, acabou por ser ultrapassado pelas guerras políticas e estratégicas da nova Democracia. Maia é uma figura histórica improvável. Um jovem rosto da mudança que o 25 de Abril de 1974 trouxe a Portugal. Sempre cumpridor do seu dever, teve dificuldade em ver-se como herói da Revolução, mas nunca renegou o papel crucial que teve no 25 de Abril. Já o mesmo não se pode dizer daqueles que pegaram no país para construir a Democracia. Reagiram ao seu não alinhamento político e à sua retidão, com desconfiança e causaram nele mágoa e um sentimento de injustiça que o acompanhou até ao fim. Amado, temido, odiado e saneado por aqueles que viam nele uma ameaça, Salgueiro Maia foi sempre uma pessoa frontal e sem medo. Foi um português, militar e cidadão exemplar.